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Como funciona equipamento que fez apresentador andar 14 anos após acidente

Publicado em 01/06/2025, às 15h25
Reprodução/Instagram
Reprodução/Instagram

Por UOL

O atleta e apresentador Fernando Fernandes, que perdeu os movimentos das pernas em 2009 após um acidente de carro, compartilhou imagens em que consegue andar pela primeira vez em 14 anos graças ao auxílio de um exoesqueleto robótico.

Como funciona o equipamento

Ele consegue imitar o padrão comum de uma caminhada. O exoesqueleto é usado como ferramenta terapêutica para a reabilitação de pacientes com diferentes limitações de movimentos.

O processo de Fernandes foi conduzido por um fisioterapeuta e especialista em reabilitação robótica. A VivaBem, Thiago Ribeiro Pires explicou que este tipo de dispositivo foi desenvolvido para auxiliar pessoas com dificuldade de andar. "O exoesqueleto robótico guia os movimentos das pernas durante a marcha [o movimento de caminhar], fornecendo o alinhamento biomecânico exato da caminhada humana", diz.

O equipamento a parte do peso do corpo do paciente a partir de cintas, coletes e um sistema de polias e motores. É possível regular os ângulos do quadril, dos joelhos e dos tornozelos, além de definir a porcentagem do peso corporal que será sustentado pela máquina, o que alivia as articulações e facilita o processo de reaprendizagem do andar. Com o auxílio destes recursos, mesmo pacientes com pouco controle postural conseguem iniciar o movimento de marcha.

Ao envolver as pernas e o quadril do paciente, o exoesqueleto controla os movimentos das articulações. Segundo o fisioterapeuta, este controle é feito com motores elétricos ou atuadores pneumáticos —dispositivos que usam ar comprimido para gerar movimento. Em uma esteira, a pessoa caminha presa ao exoesqueleto, em velocidade e tempo controlados pelos terapeutas que acompanham o caso. O padrão de caminhada pode ser ajustado conforme o progresso do paciente e o tratamento é elaborado para não causar dor.

A tecnologia do equipamento conta com sensores que medem o posicionamento articular, a força, o equilíbrio e o ritmo da marcha. "Alguns modelos [de exoesqueleto robótico] usam sensores de EMG [eletromiografia, exame que avalia a função dos nervos e músculos] para captar a intenção de movimento muscular", explica o especialista. "Computadores e algoritmos processam os dados dos sensores e ajustam o movimento dos motores em tempo real."

Benefícios vão além da melhora nas funções motoras

O uso adequado do exoesqueleto robótico oferece diversas melhorias no organismo. O fortalecimento muscular dos membros inferiores previne complicações associadas ao imobilismo, como atrofia muscular e problemas circulatórios. "[A máquina] Pode ajudar também na neuroplasticidade, ou seja, na capacidade do cérebro de reorganizar conexões e recuperar funções motoras", afirma Pires.

A caminhada no exoesqueleto auxilia, ainda, na prevenção e no controle de osteoporose e da sarcopenia —perda de massa e força muscular. O fluxo intestinal também é beneficiado com a movimentação realizada, gerando uma possível diminuição de quadros de constipação. A melhora da dor neuropática (dor crônica causada por danos nos nervos) e a redução do inchaço especialmente nos pés e nos tornozelos também podem ser alcançados com a movimentação gerada pelo aparelho.

A estrutura do exoesqueleto diminui o risco de quedas, permitindo que o paciente se concentre na marcha. Com isso, há o estímulo do controle postural e uma melhora na estabilidade ao caminhar. Feito regularmente, o treino pode melhorar a capacidade cardiovascular e a oxigenação dos tecidos.

Além das funções físicas, os benefícios acontecem também na qualidade de vida do paciente. Com uma possível maior autonomia na locomoção e menos dores associadas à falta de movimento, o exoesqueleto robótico pode contribuir para o bem-estar emocional, melhorando a autoestima. Segundo Pires, a tela em frente ao paciente permite que a pessoa se veja caminhando e serve justamente como motivação e controle do progresso. É importante ressaltar que o uso do exoesqueleto robótico não substitui a fisioterapia tradicional, devendo ser utilizado como ferramenta complementar ao tratamento.

Quando o exoesqueleto robótico pode ser usado

A máquina pode ser usada em pacientes com diferentes graus de comprometimento motor: pessoas com tetra ou paraplegia; vítimas de AVC, de paralisia cerebral, pacientes com lesões medulares, doenças neuromusculares e até mesmo idosos com mobilidade reduzida podem ser beneficiados.

Pacientes com quadros neurológicos graves podem se beneficiar da tecnologia. "É importante salientar que [o exoesqueleto robótico] não é a solução para todos os tipos de lesões", ressalta Pires. No caso de lesões medulares completas, —casos nos quais a medula espinhal foi totalmente comprometida-, o robô oferece somente os benefícios secundários, mas não visa a reabilitação da marcha. "Já em pacientes com lesões medulares incompletas, temos muito êxito com o emprego desta tecnologia nos processos de reabilitação", diz o fisioterapeuta.

A frequência do uso depende da gravidade e da fase em que o paciente se encontra. No início de um quadro de lesão, por exemplo, o robô é usado para minimizar as perdas e resguardar as funções motoras, podendo ser necessário o trabalho diário com o equipamento. Pacientes que têm quadros crônicos podem exigir sessões mais pontuais.

Conforme Pires, alguns quadros são contraindicação no uso do exoesqueleto robótico. São eles: hipotensão (pressão baixa) grave, osteoporose severa e luxação de quadril.

Custo e burocracia atrapalham o ao equipamento

Envolvido na parceria que trouxe o primeiro exoesqueleto robótico para a rede particular do Brasil, Pires revela que a máquina custa R$ 1,9 milhão. Para o paciente, o valor a ser pago por sessão varia de acordo com a quantidade de treinos necessários e da clínica na qual ele está em tratamento.

Apesar da burocracia para os processos de importação do equipamento, o exoesqueleto robótico vem ganhando espaço no país. Atualmente, ele está presente em clínicas particulares em Brasília, Goiânia, Salvador, São Paulo e Petrolina (PE).

O equipamento chegou ao SUS (Sistema Único de Saúde) de São Paulo em 2023. Por meio da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, duas unidades de exoesqueletos robóticos foram recebidas. No final de 2024, a rede anunciou o recebimento de um exoesqueleto infantil, importado da Coreia do Sul e em fase de pesquisa.

O exoesqueleto robótico começou a ser desenvolvido entre os anos 1990 e 2000. Com o avanço da tecnologia, em 2001 o equipamento foi incluído nos tratamentos de locomoção e, desde então, novos modelos vêm surgindo e ampliando a capacidade da máquina. O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis concebeu e construiu o exoesqueleto usado por um homem paraplégico para dar o pontapé inicial na abertura da Copa do Mundo 2014, realizada no Brasil. Atualmente, o robô é usado em clínicas e centros de reabilitação, sempre com supervisão profissional.

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