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O jogador Damián Bobadilla, 23, do São Paulo, foi indiciado nesta quarta-feira (11) pelo suposto crime de injúria racial, de acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
O indiciamento ocorreu após ele prestar depoimento na Drade (Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância).
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"O suspeito prestou depoimento nesta quarta-feira (11) e foi indiciado pelo crime de injúria racial. Diligências prosseguem para o total esclarecimento dos fatos e conclusão do inquérito policial", afirmou a pasta.
Rodrigo Correa Baptista, delegado da Drade, disse à imprensa que o jogador não apresentou testemunhas.
"Ele compareceu com seu advogado. Ele esclareceu todos os pontos que foram questionados, mas os elementos realmente recaem contra ele. Inclusive, a versão da vítima é corroborada com versões de outras testemunhas. Ele não indicou nenhuma testemunha que pudesse afastar a credibilidade que a gente tem na versão dessas testemunhas, que são jogadores do Talleres, então, por esse motivo ele foi indiciado pelo crime de injúria racial", afirmou.
Em caso de condenação, a pena pode chegar a cinco anos, de acordo com o delegado.
"A pena de injúria racial pode chegar a até cinco anos. O fato é grave, mas não tem justificativa para que fique preso durante a investigação", finalizou.
Em 27 de maio, o jogador venezuelano Miguel Navarro, do argentino Talleres, denunciou "um ato de xenofobia" do volante paraguaio Damián Bobadilla, do São Paulo, durante duelo da Copa Libertadores. A partida entre os dois times ocorreu no estádio Morumbis.
A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) abriu no dia seguinte um processo disciplinar para investigar o caso.
Navarro e Bobadilla, jogadores das seleções de seus países, se estranharam na reta final do jogo, que foi vencido por 2 a 1 pelo tricolor paulista.
Após a discussão, o venezuelano de 26 anos começou a chorar, e o árbitro chileno Piero Maza interrompeu a partida por alguns minutos. Companheiros e adversários consolaram Navarro, e o duelo prosseguiu.
"Vou até as últimas consequências diante do ato de xenofobia que vivenciei hoje no Brasil pelas mãos de Damián Bobadilla", afirmou Navarro após o jogo em uma publicação no Instagram.
"Gostaria que pudesse ter nas minhas mãos a solução para a fome no meu país [...] jamais terei vergonha das minhas raízes", acrescentou Navarro, referindo-se à crise humanitária na Venezuela.
Mais tarde, em declarações à imprensa, ele disse que o adversário o chamou de "venezuelano morto de fome".
Bobadilla joga no São Paulo desde 2024. Seu pai é o ex-goleiro da seleção paraguaia Aldo Bobadilla.
PEDIDO DE DESCULPAS
O jogador paraguaio se manifestou nas redes sociais após o jogo. Primeiro, afirmou que teve uma discussão com jogadores do Talleres e, segundo ele, teria sido "tratado com desprezo". Depois, reconheceu que "agiu mal".
"No calor do momento eu reagi mal e, bem, peço desculpas publicamente. Se eu tiver a oportunidade de falar com ele pessoalmente, também pedirei desculpas. Só queria esclarecer isso e mandar um grande abraço a todos", disse o atleta em um vídeo.
Em nota, o time tricolor afirmou que "está acompanhando atentamente a apuração dos fatos pelas autoridades competentes e colaborando integralmente com as investigações em curso".
O clube disse, ainda, que "repudia veementemente qualquer manifestação de discriminação, preconceito ou intolerância, seja ela de natureza racial, étnica, nacional ou de qualquer outra forma".
De acordo com o comunicado, Bobadilla nunca apresentou histórico de conduta disciplinar negativo. Por isso, receberá apoio institucional do São Paulo, mas, mesmo assim, ará por medidas educativas.
"O clube providenciará que ele seja devidamente orientado por meio de medidas educativas que serão conduzidas pela área de compliance", informou o time tricolor.
No Brasil, o racismo é considerado crime, punível com entre dois e sete anos e meio de prisão. Os clubes do país têm denunciado com insistência atos de racismo contra seus jogadores nas partidas como visitante nos torneios continentais.
De acordo com Rosana Rufino, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, o fato de a ofensa ter ocorrido diante de um grande público e com ampla cobertura na imprensa é agravante para o caso e pode ser considerados pelo judiciário para determinar a punição ao atleta.
A própria nota divulgada pelo clube, assim como o vídeo com um pedido desculpas feito pelo atleta, "podem facilitar o inquérito policial", afirma Rufino.
Ainda segundo a advogada, mesmo que a vítima não dê continuidade à ação, constituindo um advogado no país, como o fato é público, trata-se de uma "ação penal pública incondicionada. Então, o Ministério Público pode dar continuidade ao processo mesmo sem precisar de uma representação ou manifestação da vítima", explica a defensora.
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